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As dores e delícias da amamentação

Amentar pode ser muito bom, mas nem sempre é possível para a algumas mulheres .

Eu nasci em uma zona rural de uma cidade que hoje tem por volta de 17 mil habitantes do interior da Bahia ( Central) . Era a última filha de um casal que tiveram 8 filhos , isso há mais de 40 anos. A pequena comunidade, distante de tudo , sem informações, o  acesso a saúde pública era quase inexistente , os partos eram feitos por parteiras (o meu foi assim) e as mulheres mais velhas , nossas avós , as parteiras , as vizinhas indicavam instantaneamente o leite materno para as crianças , talvez porque fosse a única alternativa , podia ser para algumas famílias , mas a verdade é que ali naquela pequena comunidade as crianças eram alimentadas com leite materno até grandinhas , por volta dos 3 anos e há muito relatos de crianças mais velhas . Isso foi passado de geração para geração.

Aliado a toda essa história da cultura do aleitamento materno na comunidade , minha mãe não trabalhar fora  contribuiu para que ela conseguisse amamentar todos os filhos até uns 2 anos pelo menos cada um .

Corta para 2002 quando tive meu filho , estudando , trabalhando viajando e morando em uma capital , em Salvador . Não tive a mesma experiência que minha mãe , apesar de trazer dela a importância amamentação e amar amamentar , só consegui amamentar até os 06 meses do meu filho, pois nas viagens a trabalho ficar 4 as vezes 5 dias fora , foi logo não consegui mais amamentar.

O fato é que nós sabemos da importância do aleitamento materno , é a estratégia que mais previne mortes infantis , além de promover a saúde física, mental e psíquica da criança. Na primeira hora de vida deve ser assegurado  ao bebê  o colostro, que é  fonte de fatores imunológicos, agentes antimicrobianos, anti-inflamatórios e vitaminas que garantem a proteção imediata e a longo prazo contra infecções.

Os dados apontam aqui no Brasil o aleitamento materno ainda tem índices muito baixos, a prevalência do aleitamento materno exclusivo em menores de 6 meses é ainda de 45,8%. A prevalência de aleitamento materno continuado no primeiro ano de vida é de 43,6%. ( Rachel  Francischi, 2023).

A falta de condições para as mães que trabalham fora, a falta de informação, falta de apoio e cuidado para essas mães que acabaram de ter filhos impactam diretamente na amamentação ofertada aos filhos .

Foi lançada esse mês um projeto pelo Ministério da Saúde, instalação de salas de amamentação nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Brasil. ‘A  iniciativa tem o objetivo de apoiar mães que trabalham fora, especialmente aquelas que estão no mercado informal e não têm o amparo da legislação.” (MS.2023).

Nunca vamos desistir de promover saúde, e a amamentação é uma forma simples e eficiente  para isso , é um papel nosso da área de saúde , mas também de toda população , pois sabemos que juntos somos mais fortes e podemos mais .

Cátia Maciel, baiana, Assistente Social, Nutricionista especializada  em transtornos alimentares pela USP,  descobriu um câncer de mama em 2021 aos 47 anos  , hoje atende de forma gratuita pacientes em tratamento do câncer de mama , dando orientações sobre alimentação especialmente na fase da quimioterapia, além de dividir com essas pacientes sua  história. 

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